sexta-feira, março 28, 2008

Cada coisa em seu lugar ?

Uma frase, dita por uma professora minha e que ficou marcada das minhas aulas de História da Arte no antigo Cefet-Pr, lá nos distantes anos 90: "Se você quer conhecer a arte greco-romana, vá para Londres."
Mas o que ela de fato quis dizer com isso? Que boa parte das obras de arte mais representativas não estão mais em seus países de origem. Ao logo dos séculos elas foram espalhadas por diversos países do mundo graças a governantes megalomaníacos e colecionadores que alimentaram a "ïndústria da pilhagem". Ao entrar pela primeira vez no Pergamon Museum eu deixei escapar a seguinte frase: "Deus, estou num templo de ladrões!"
Bom, eu não tive a oportunidade de ir a Londres ainda. Mas pude ter contato com a Grécia Clássica via Alemanha. Foi lá onde se deu meu primeiro contato com a tão falada escultura da grécia. Entre elas o poderoso sujeito da imagem acima, que estendia a mão sem dedos em minha direção. Toda e qualquer elucubração sobre tesouros nacionais sumiu da mente. Ver algo assim, tão belo e antigo me encarando, era de arrepiar. A minha foto não faz justiça ao original...

O alegre lixo



Eis aqui uma simpática lixeira de Berlim, decorada com tickets de ônibus, metrô, etc e tal. Até onde pude perceber, não se tratava de nenhuma obra de arte interativa, como os pedaços do muro de Berlim onde o povo gruda chicletes desde 1989... Mas pelo visto a tal lixeira segue o mesmo desígnio: contribua!

Como eu já havia comentado antes, Berlim não é tão limpinha quanto eu esperava. Dependendo a região, não se vê um papel no chão, claro. Por sinal, somente lá vi garis como os do Brasil trabalhando nas ruas. Sinal de que não devem ser uma legião muito expressiva... Mas em lugares como o bairro onde eu morei, havia muita coisa espalhada pelo chão. Confira aqui alguns exemplos interessantes que postei anteriormente.

terça-feira, março 25, 2008

Estréia HOJE!


Só reforçando, inicia hoje a curta temporada de Prova Contrária no Festival de Curitiba.
Para maiores informações, clique aqui.

segunda-feira, março 24, 2008

Hani


Este esboço rápido foi feito enquanto meu colega de classe não estava olhando. Hani é um iraquiano que saiu do seu país em 2001. Ele me dizia que adorava a Alemanha. Pois no seu país "está uma loucura, com uns matando aos outros." Essas foram mais ou menos as suas palavras. Mais ou menos porque ele tinha um sotaque muito carregado e um vocabulário digno do meu.

Mas com o tempo nossa compreensão mútua foi melhorando. Vendedor de cosméticos, o sonho dele era abrir uma loja. Eu o conheci na minha classe do nível básico de alemão na Volkshochschule, em Leipzig. Era a segunda vez que ele fazia o mesmo nível. A esposa dele, cujo nome me foge, estudava na classe ao lado. Pelo jeito ele era dono de uma lábia universal maior que qualquer limitação linguística, pois viver do comércio sem dominar o idioma nativo não devia ser fácil...

Quando disse que era brasileiro ele ficou tão feliz que faltou me abraçar. Era o ano da Copa...Ser brasileiro era vantagem naquele momento e lugar. Mas Hani era mesmo extremamente amável. Só o vi levantar a voz uma vez, quando um penetra entrou em nossa sala para beliscar a comida do almoço de despedida da turma. Os dois quase brigaram feio. Eu fiquei de visitá-lo depois que as aulas acabaram mas não deu. Infelizmente Hani não usava e-mail.

Consegue adivinhar ...


...qual o tipo de loja que tinha tão simpática vitrine? Nào vale ir pelo óbvio, pois esta desinibida moçoila em madeira estava em exposição numa loja de móveis para cozinha! Pelo menos olhando de fora, não havia mais nada de acordo com o "estilo" torneado de nossa chamativa amiga. Se a intenção era simplesmente ganhar a atenção dos passantes, certamente sua eficácia não devia passar despercebida. Pelo menos comigo funcionou...

sexta-feira, março 21, 2008

Feliz Páscoa!


Páscoa é época de mercado repleto de ovos de chocolate, certo ? Bem, pelo menos na Alemanha não existem os ovos a que estamos acostumados: aqueles grandões, que ficam pendurados em todo mercado e pelos quais os pais gastam uma fortuna para satisfazer a gula de seu pimpolhos. E já que o assunto é chocolate, na Alemanha pode-se dizer que, nesse quesito, a Páscoa dura o ano todo! Chocolate lá é baratinho e uma delícia. Bom, nem todo é baratinho, como você pode conferir neste post mais antigo aqui. Mas no geral, são bem mais acessíveis.

Ou seja, cuidado com as calorias pois elas com certeza vão pegar você. Para você ter idéia de como é fácil cair nesse mundo de tentação, eu costumava comprar uma barrinha que custava 35 centavos e era o cara mais feliz do mundo com o sabor da dita. Os da marca Ritter Sport são outra tentação maligna inventada para nos fazer engordar. Mas, gula e consumismos à parte, afinal este feriado não existe por causa disso, desejo a todos uma feliz Páscoa. Ou como dizem por lá: Frohe Ostern!

quarta-feira, março 19, 2008

Neve - Via Correspondente Internacional!

E não é que está nevando em Leipzig ha dois dias? Nossa amiga Maria, aquela que nos levou ao Museu de História Natural em janeiro e que até sexta-feira passada estava no Brasil, aproveitando temperaturas superiores a 25 graus, cedeu ao blog aqui duas imagens de sua autoria.

É quase como se (mas que chique!) este blog agora tivesse sua "correspondente Internacional"! Só para registro, hoje pela manhã eram -2 graus em Leipzig. Brrrr...
Tudo bem que o verão brasileiro já passou e que você pode vir a pensar que é uma loucura querer trocar um bom sol pelo frio congelante. Mas convenhamos, sou brasileiro e ver a neve caindo possui um encanto que supera qualquer calafrio gelado. Era este o clima que eu esperava ter encontrado em Berlim em minha última passagem por lá. Mas só deu chuva praticamente. Uma das efêmeras passagens da neve que testemunhei por lá eu registrei num dos primeiros posts do blog. Para matar saudades, clique aqui.

Teatro alemão em português, no Brasil

Semana que vem estréia em Curitiba o espetáculo teatral Prova Contrária vindo da cidade de Passau, na Alemanha, especialmente para o Festival de Curitiba, o mais tradicional festival de teatro do Brasil. A peça, uma adaptação da obra do brasileiro Fernando Bonassi, foi encenada em Passau em fevereiro passado pelo Grupo Tearte, dirigido por Virgínia Sambaquy-Wallner.

A proposta do grupo, sediado na Universidade de Passau é difundir a lingua portuguesa na Alemanha, encenando por lá peças em nosso idioma. Elenco e equipe técnica dos espetáculos do Tearte são formados por brasileiros e alemães.A diretora já havia feito no Brasil projeto semelhante: com apoio do Goethe Institut Curitiba, dirigiu vários espetáculos em língua alemã com o grupo Wir Sprechen Deutsch. Em Prova Contrária os protagonistas são Verena Bräler (Alemanha) e Lucas Soares Barreto (Brasil), também autor da trilha sonora da peça, executada ao vivo pelas musicistas alemãs Maria Naumann e Frederike Frey.

Mas do que trata a peça?
Uma mulher acaba de comprar um imóvel com a indenização recebida após a declaração oficial da morte do marido. Desaparecido desde 1974, ele exercia resistência à ditadura. No apartamento, rodeada por caixas de mudança que precisam ser desfeitas, é a primeira vez que ela comemora seu desaparecimento. Porém, quando decide abrir o champagne, o homem reaparece.


Serviço:
Teatro José Maria Santos - Rua 13 de maio, 655
26 de março às 21h
27 de março às 12h
28 de março às 18h

Ingressos: R$14,00 (inteira) e R$7,00 (meia)


IMPORTANTE:
Paralelo as apresentações será realizada uma Mesa Redonda no dia 27 de março às 18h com a presença do autor Fernando Bonassi e peritos do teatro e literatura: Walter Lima Torres (UFPR), Flávio Stein ( músico e encenador), Paulo Venturelli (UFPR) e Susanne Hartwig (Universidade de Passau).

Serviço:
Mesa Redonda no dia 27 de março às 18h
Espaço A Fábrika - Rua Reinaldino S. de Quadros 33
Entrada pelo Goethe Institut de Curitiba, ao lado da Praça do Expedicionário.

*Para a Mesa Redonda a entrada é Gratuita


A produção local do evento é da Quadrinhofilia Produções Artísticas, empresa onde sou sócio com minha esposa, Fernanda Baukat.
Serão apenas três apresentações e se você está em Curitiba, está mais que convidado a assistir. Os ingressos estão à venda na bilheteria do teatro e no Park Shopping Barigui.

terça-feira, março 18, 2008

A Vida dos Outros


Ontem enfim fomos assistir no cinema a esse filme. Enfim, porque ha dois anos atrás, quando morávamos em Leipzig ele era o grande lançamento do ano, o assunto na boca de nosso colegas. Mas acabamos não indo ver por um motivo ou outro. Até tenho guardadas revistas que falam do lançamento. Demorou, mas o filme estreiou em Curitiba ha algumas semanas. Não fosse a premiação do Oscar, dificilmente teria entrado em circuito comercial. Até pelo seu tema, um pouco abstrato para nós brasileiros. Minha geração sabe que a Alemanha esteve dividida graças aos filmes e seriados de espionagem que sempre mostravam alguém tentando fugir para o Ocidente. Mas não fazemos a mínima idéia do que era estar do outro lado, o Oriental. Para nós o muro de Berlim caiu e pronto, todos ficaram felizes.
Mas do que trata o filme? A grosso modo do controle do estado sobre a vida alheia, a fim de obliterar toda e qualquer idéia subversiva. Confesso que gostei do filme. Talvez mais por agora ter vivência e referencial do que deve ter sido viver sob o manto da DDR (Deutsche Demokratische Republik - República Democrática Alemã) do que pelos méritos do filme como um todo. Há momentos excelentes, mas há elementos que eu, pessoalmente, gostaria que fossem melhor explorados.

Mas, enfim, é um bom filme sobre um assunto difícil. Em 2005 minha esposa visitou os corredores da Stasi (a polícia secreta da DDR), os mesmos usados como cenário no filme. Esse passeio ainda é possível de se fazer em Berlim, guiado inclusive por um ex-prisioneiro. Com ela, no ano seguinte eu visitei uma interessante exposição sobre a história da DDR onde os equipamentos (coisa digna de filmes de James Bond), arquivos e veículos estavam presentes. Mas na época minha compreensão da língua era ainda mais limitada do que hoje e infelizmente não pude usufruir de toda a informação. Mas foi onde para mim começou a "cair a ficha". O regime comunista se foi, muitos não se adaptaram ao capitalismo ou simplesmente se tornaram obsoletos na nova realidade que se impôs. Algumas colegas de minha esposa comentaram uma vez que uma certa senhora, hoje caixa num supermercado em Leipzig, já ocupara no passado um alto posto na DDR. Muitos problemas sociais vieram da reunificação das duas Alemanhas e são sentidos até hoje.

Mas, pelo que pude notar, hoje se vendem muitas lembracinhas da DDR como uma curiosidade. Algo como um estilo de vida exótico. Posso estar errado, mas o tema me parece ser geralmente tratado de maneira superficial. Assim como no Brasil não falamos da Ditadura militar, nossa triste contemporânea da DDR.

segunda-feira, março 17, 2008

O Volkswagen


Um post sobre isso não poderia faltar, não é mesmo? O mais simpático e amado carrinho (pelos brasileiros) em todos os tempos é figura difícil de encontrar na Alemanha (seu país de origem) pois já está fora de linha ha um bom tempo. Bem mais do que no Brasil. Tanto que Daniel, um amigo alemão que morou dois meses em "Terra Brasilis" uma vez comentou: "Nunca vi tantos fuscas na vida!"
Note o quão peculiar é este fusca roxo, flagrado em Berlim, com suas joaninhas penduradas no espelho retrovisor! Volkswagen, caso você não saiba, quer dizer "carro popular".

sexta-feira, março 14, 2008

Surge uma ilustração


Que tal um pouquinho do processo de criação de uma das ilustrações que compõem o projeto Reisetagebuch? Na escrivaninha, papel Canson A3 que começava a ser preenchido com lápis de cor aquarelado. Trabalho paciente e diário. Alguns dias depois ela estava concluída. O fundo foi incluso posteriormente, via o bom e velho Photoshop. Essa imagem faz parte de uma série onde eu ilustro tipos comuns de se ver na Alemanha. Por exemplo: o sujeito de terno, no canto superior direito foi baseado na figura do Bürgermeister (prefeito) de Leipzig. Um rosto muito típico mesmo.

Misturando minhas impressões com referências de minhas fotos, é um trabalho quase antropológico. Não chega a ser um Debret ( ilustrador francês que fez algo bem mais profundo no Brasil do séc XIX) mas já passa uma idéia de como são as pessoas hoje na Alemanha. Pessoalmente, creio que a ilustração pode demonstrar sutilezas que uma foto não consegue por ela ser realista demais. E você, o que pensa disso?

terça-feira, março 11, 2008

Supermarket - p01


Não há como fugir, Mais cedo ou mais tarde você terá que ir ao Supermercado fazer compras. Então que tal boas dicas de onde gastar menos? Aldi e Plus são duas grandes redes que infestam a Alemanha. Tanto que em algumas regiões vocês esbarra nesses mercados que, não são "super", com muita facilidade. São pequenos mercados com boa variedade de produtos e precinhos mais camaradas. Supermercados enormes como os do Brasil existem também, mas são mais afastados. Tanto que tive o prazer de ir apenas em um. Onde uma das caixas era, vejam só, de São Paulo. Por sinal, a única que já puxou conversa comigo. Mas convém falar de aspectos mais pitorescos: Não ha cestinhas.

Ou você traz a sacolinha de casa ou carrega suas compras na mão mesmo. A maioria das pessoas usa da segunda alternativa quando o assunto são compras rápidas. Para facilitar a vida no interior da loja, caixinhas de papelão ficam a disposição em algum canto para você colocar suas coisas até chegar ao caixa. Os funcionários repõem a mercadoria e deixam as caixas empilhadas para você usar. São essas mesmas que você vê na foto.

Note que as prateleiras não são exatamente como as nossas. Boa parte desses mercados tem as mercadorias organizadas em caixas de papelão. Você pode comprar uma sacolinha de pano ou plástico se quiser, mas só na fila do caixa. E, dele, falarei com mais carinho num próximo post. Isso sim é um assunto relevante para quem quiser sair vivo de um mercado na Alemanha.

quarta-feira, março 05, 2008

Individualidade teimosa



Fomos assistir no teatro Schaubühne de Berlim a peça (na verdade uma colagem de três espetáculos curtos chamada Die 70er Jahre) que faz parte de uma série peças da chamada Deutschlandsaga, que conta década por década os últimos 60 anos de história alemã sob o ponto de vista de novos autores. Bom, confesso que não gostamos do espetáculo. Muito esquemático, parecia exercício de primeiro ano de faculdade de artes cênicas. Mas a razão deste post não é o espetáculo em si. Mas algo que acoonteceu durante.

No início da primeira peça (um monólogo) a atriz pediu ao público que deixasse seus lugares na arquibancada e ocupasse o palco. Cada cadeira era parte do cenário, por isso a necessidade da inversão... Algumas pessoas se negaram a fazê-lo. A atriz, dentro da personagem indagava o porquê. A melhor resposta foi: "Eu paguei por este lugar."
Pois bem, o ilustre colega que disse isso fez questão de ficar até o fim da peça sem arredar o pé, por mais que estivesse exatamente no centro da ação. O melhor foi a presença de espírito da atriz, que a certo ponto o transformou em personagem (ruborizado, mas irremovível) quando lembrava do café da manhã que tomava com seu pai (e dava o texto olho no olho do teimoso), inclusive provocando-o a cantarolar uma música infantil.

A atitude do senhor que permaneceu no mesmo lugar durante as outras duas peças fomentou comentários entre colegas meus sobre a importância do direito individual para o alemão. Algo muito levado a sério por lá. Mas que esse senhor chato ( assim como os outros que também não saíram do lugar) fez questão de frisar de maneira muito desagradável. Mereceu o mico. Olha ele na foto acima, para perpetuar a gafe.