terça-feira, março 18, 2008

A Vida dos Outros


Ontem enfim fomos assistir no cinema a esse filme. Enfim, porque ha dois anos atrás, quando morávamos em Leipzig ele era o grande lançamento do ano, o assunto na boca de nosso colegas. Mas acabamos não indo ver por um motivo ou outro. Até tenho guardadas revistas que falam do lançamento. Demorou, mas o filme estreiou em Curitiba ha algumas semanas. Não fosse a premiação do Oscar, dificilmente teria entrado em circuito comercial. Até pelo seu tema, um pouco abstrato para nós brasileiros. Minha geração sabe que a Alemanha esteve dividida graças aos filmes e seriados de espionagem que sempre mostravam alguém tentando fugir para o Ocidente. Mas não fazemos a mínima idéia do que era estar do outro lado, o Oriental. Para nós o muro de Berlim caiu e pronto, todos ficaram felizes.
Mas do que trata o filme? A grosso modo do controle do estado sobre a vida alheia, a fim de obliterar toda e qualquer idéia subversiva. Confesso que gostei do filme. Talvez mais por agora ter vivência e referencial do que deve ter sido viver sob o manto da DDR (Deutsche Demokratische Republik - República Democrática Alemã) do que pelos méritos do filme como um todo. Há momentos excelentes, mas há elementos que eu, pessoalmente, gostaria que fossem melhor explorados.

Mas, enfim, é um bom filme sobre um assunto difícil. Em 2005 minha esposa visitou os corredores da Stasi (a polícia secreta da DDR), os mesmos usados como cenário no filme. Esse passeio ainda é possível de se fazer em Berlim, guiado inclusive por um ex-prisioneiro. Com ela, no ano seguinte eu visitei uma interessante exposição sobre a história da DDR onde os equipamentos (coisa digna de filmes de James Bond), arquivos e veículos estavam presentes. Mas na época minha compreensão da língua era ainda mais limitada do que hoje e infelizmente não pude usufruir de toda a informação. Mas foi onde para mim começou a "cair a ficha". O regime comunista se foi, muitos não se adaptaram ao capitalismo ou simplesmente se tornaram obsoletos na nova realidade que se impôs. Algumas colegas de minha esposa comentaram uma vez que uma certa senhora, hoje caixa num supermercado em Leipzig, já ocupara no passado um alto posto na DDR. Muitos problemas sociais vieram da reunificação das duas Alemanhas e são sentidos até hoje.

Mas, pelo que pude notar, hoje se vendem muitas lembracinhas da DDR como uma curiosidade. Algo como um estilo de vida exótico. Posso estar errado, mas o tema me parece ser geralmente tratado de maneira superficial. Assim como no Brasil não falamos da Ditadura militar, nossa triste contemporânea da DDR.

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